terça-feira, 18 de maio de 2010

Ele, ela.


Um dia ela descobriu que estava apaixonada. No início parecia recíproco. Ela até pensava em algo verdadeiramente sério. De repente: solidão. Ele dava esperanças, mas deixava ela sozinha. Assim não dava pra ser. Ela sofria, ele nem ligava. Ela morria de tanto amor, ele esnobava. Foi desse jeito durante anos e mais anos. Ela esperando, ele enrolando. Homens. Hooomens!

As pessoas lhe falavam 'ele não vale isso tudo, você parou sua vida durante anos por nada, procura outra paixão'. Mas ela sempre acreditou que um dia ele poderia mudar. Então, sem mais nem menos, ela resolveu enxergar que o que pensava ser flor, era espinho. Sim, espinho. Dos mais pontudos. Tinha muito tempo que ela não o via. Mas ela estava decidida. A próxima vez o jogo estaria nas mãoes dela. Ele tinha que aprender que não poderia mais tê-la. Mas será que era realmente isso que ela queria? Afinal, tantos anos assim, jogados fora? Ela era inconstante, se arrependia até do que pensava. Sim. Não. Sim. Não. Mas a dor era mais forte, então ela se decidiu.

Eles se encontraram. O coração disparou. Mas ela não desceu do salto. 'oi, tudo bem?' ele disse. 'aham' friamente, ela. "Não vou sofrer, vou resistir" ela pensava. A conversa fluiu desesperadoramente. Ela queria jogar tudo na cara dele. Mas não, ela foi embora. Não adiantou. Chegou em casa e desabou em lágrimas. Mas agora ela sabia que estava magoada. O amor virou mágoa. E esse é o jeito mais triste de se acabar.

É mágoa
Ana Carolina

É mágoa
Já vou dizendo de antemão
Se eu encontrar com você
Tô com três pedras na mão
Eu só queria distância da nossa distância
Saí por aí procurando uma contramão

Acabei chegando na sua rua
Na dúvida qual era a sua janela
Lembrei que era pra cada um ficar na sua
Mas é que até a minha solidão tava na dela

Atirei uma pedra na sua janela
E logo correndo me arrependi
Foi o medo de te acertar
Mas era pra te acertar
E disso eu quase me esqueci


Atirei outra pedra na sua janela
Uma que não fez o menor ruído
Não quebrou, não rachou, não deu em nada
E eu pensei: talvez você tenha me esquecido

Eu só não consegui foi te acertar o coração
Porque eu já era o alvo
De tanto que eu tinha sofrido
Aí nem precisava mais de pedra
Minha raiva quase transpassa
A espessura do seu vidro


É mágoa
O que eu choro é água com sal
Se der um vento é maremoto
Se eu for embora não sou mais eu
Água de torneira não volta
E eu vou embora
Adeus


beeijos*

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